“Vivemos tempos complexos e de incerteza”
Vivemos tempos complexos e de incerteza. Tudo acontece cada vez mais depressa. Somos dominados pelo curto prazo face a uma serena visão a longo prazo, pelo forte desejo de “ter” face à profunda aspiração de “ser” e pela crescente preocupação com o próprio face à empatia social com os mais fracos, seja qual for a sua origem.
“É momento de repensar a forma como estamos a criar o futuro”
É momento de repensar a forma como estamos a criar o futuro. E para isso consideramos que existem dois elementos essenciais na construção de sociedades mais justas e desenvolvidas: a cultura e a empatia. São estes dois ingredientes que dignificam as pessoas e conseguem um desenvolvimento humanizado com base nos avanços da ciência. Definitivamente, o que chamamos um mundo melhor.
O Fair Saturday é uma pequena ideia que contribui com alguma coisa neste sentido. Sem outras pretensões além de provocar reflexão e gerar efeitos positivos através da cultura e do desejo da cidadania de ser responsável na construção de um futuro melhor.
“Fair Saturday, mobilização cultural global com impacto social”
Concretamente, o Fair Saturday é uma mobilização cultural com impacto social que tem lugar em cada último sábado de novembro, no dia a seguir à Black Friday, exponente máximo do consumismo. Artistas e entidades culturais de todo o mundo unem-se num festival global, com um só requisito: apoiar através do seu evento um projeto social à sua escolha.
Como?
-Mostrando publicamente o seu orgulho pelo trabalho que realizam
-Ajudando a difundir o seu trabalho através dos seus canais e minutos antes do evento ao público presente
-Gerando fundos para esse projeto através da contribuição livre e voluntária de parte do valor gerado no evento (ex., bilhetes, donativos, etc.).
“São numerosos os artistas, entidades culturais e projetos sociais que aderem em diferentes partes do mundo”
Desde o seu nascimento, em 2014, são centenas os artistas, entidades culturais e projetos sociais que aderiram a este movimento.
Na edição de 2017 tiveram lugar cerca de 600 eventos em 114 cidades, congregando mais de 100 000 espectadores e gerando aproximadamente 189 000 € para numerosas causas sociais.
São já várias as cidades e territórios de todo o mundo que decidiram impulsionar o Fair Saturday durante o último fim de semana de novembro. E esperamos, ou melhor dizendo, trabalharemos para que sejam mais no futuro.
Definitivamente, o Fair Saturday é uma iniciativa positiva, independente, apolítica e que respeita os direitos humanos, que procura criar um movimento cultural global com impacto social em cada último sábado de novembro.
Um dia. Cultura. Mudança. Quer aderir?
Fair Saturday, um dia para melhorar a sociedade através da arte e da cultura.
Fair Saturday por Antonio Garrigues Walker
A ideia é boa e profunda e positiva e alegre. É uma ideia muito adequada para jovens e para os que sentem que têm uma mente jovem. E foram estes que a executaram. Trata-se de descobrir o valor, a importância e o encanto da cultura e relacioná-la com a imensa avidez de cultura de uma cidadania que quer ser responsável.
A Black Friday tem os seus predicados e a sua razão de ser. Controlou na perfeição a vertigem do consumo e manipula-a com uma eficácia admirável e assustadora. Ocupa o seu lugar com um ligeiro – ligeiríssimo – esforço. Joga a favor de uma corrente imparável e consegue quase sempre que se confunda o “ter” com o “ser”. Esta febre absurda também faz parte do ser humano.
O movimento Fair Saturday quer fazer o mesmo, à sua maneira e com outros objetivos e de outras formas. Quer ocupar o “habitat” dos sentimentos, das sensações, das ideias, das esperanças e de alguns sonhos muito concretos que já não podem ser erradicados nem adormecidos. E, para isso, o caminho é simples. Inundar de eventos culturais, durante um dia, todos os espaços, todos os buracos disponíveis de cidades que necessitam de respirar e alimentar-se de outros ares.
Em cada último sábado de novembro teremos direito a sonhar juntos. Coros, grafiteiros, grupos de música, teatros, museus, pintores, contadores de histórias, poetas, sopranos, fotógrafos, bailarinos, escolas de dança… amadores e profissionais, privados e públicos, daqui e dali, de um lado e de outro, jovens e veteranos. Começarão e não haverá quem os pare. Artistas e organizações culturais de diferentes lugares atuando e apoiando com cada evento a causa social que escolheram. Vibrarão muitas coisas e será um sinal, talvez definitivo, de que é possível, perfeitamente possível, contrabalançar a vulgaridade, a pequenez de espírito, a ganância, a rotina, a estupidez.
O Fair Saturday acabará por ser um símbolo brilhante de que a cultura é a única solução para dignificar a democracia, para gerar uma riqueza autêntica e para poder aspirar a um futuro humano. E os jovens e os que sentem que têm uma mente jovem terão ganhado o que, no início desta aventura, parecia – como em todas as aventuras que valem a pena – absolutamente impossível.